“Fotógrafa Bruna Scheidt traz proposta documental para os ensaios pré-wedding. Ideia é valorizar a afetividade espontânea e construir uma narrativa histórica pela fotografia.”
Foi assim que Rejane Martins começou o texto da minha entrevista sobre a proposta documental na fotografia de casais.
Opa, perai! Pra quem não me conhece: Meu nome é Bruna Scheidt e eu sou fotógrafa documental. Prazer!
Ok, agora podemos seguir.
Então, foi assim que a grande jornalista Rejane Martins começou escrevendo a minha entrevista, que saiu na Revista Aldeia, em 2019. Achei chique demais!
Nessa entrevista conversamos sobre várias coisas legais! Sobre como cheguei a conclusão de que gostava tanto desse estilo fotográfico, sobre o mercado desse estilo de fotografia em Cascavel (que é onde eu moro), sobre as histórias que eu já registrei… E muito mais! Vale a pena dar um checada nessa reportagem! Confere aí! =)
REPORTAGEM
Examine com atenção as fotos do ensaio pré-wedding desta reportagem. Olhe mais um pouco. Parecem personagens reais, pessoas comuns, né? E são. Nada de artificialismos. Trata-se de um ensaio documental e a ideia é valorizar a afetividade espontânea ao mesmo tempo em que se constrói uma narrativa histórica. Dá um trabalhão chegar à excelência dessas imagens, mas vale a pena.
O conjunto de fotos é de Bruna Scheidt em ensaio do casal Bhrenda e Leonardo. Contemplar estas imagens é adentrar na alma do casal e experimentar todas as delícias da rotina familiar, desde
o sol entrando pela janela à preguiça de sair da cama e a arrumação da mesa. É também ouvir a playlist “Sunday morning” e sentir o cheirinho do café coado.
Como explicar tantas sensações nestas fotografias? E como explicar a estética apurada, a sensibilidade, as luzes extraordinárias e tudo o que emana delas? Simples. Conhecendo Bruna e sua mágica máquina de produzir amor. Sim, o resultado seria outro se não fosse esta entrega pessoal. Apesar das imagens terem vida própria, não se pode ignorar toda a poesia e ternura envolvidas na captação da imagem.
É no momento do clique que ela expõe sua natureza humana e revela seus melhores sentimentos. Esta sinergia entre autor e personagens faz parte do trabalho que a jovem fotógrafa está propondo. “A fotografia documental é a fotografia que registra o momento cultural ou artístico que está acontecendo no momento. Ela é muito mais pessoal”, explica.
Tanto no pré-wedding quanto no dia do casamento é uma história contada através do olhar do fotógrafo. Nos dois casos, o profissional deve ficar “quase” invisível para captar cenas com naturalidade. Na cerimônia de casamento é mais fácil, pois as coisas estão acontecendo naturalmente, convidados chegando, noivos entrando, padre celebrando a missa. “No pré-weeding sou eu e o casal, o que no começo inibe um pouco, mas nada que algumas técnicas para quebrar o gelo não resolvam”, diz Bruna.
Ensaio Documental
Transmitir o mais íntimo do casal e marcar a época da vida deles exatamente como ela é, exige espera. Igualmente, exige conhecimento e planejamento. “Primeiro eu procuro conhecer muito o casal, para depois irmos planejar o ensaio. Faço várias perguntas para que eu consiga emergir nesse tema”, diz.
O segundo passo é saber qual lugar foi marcante. “Se fosse meu casamento, eu gostaria de ter fotos onde eu tivesse recordações afetivas fortes, como a primeira casa do casal, o apartamento sendo mobiliado, a praça que o casal sempre vai aos domingos, coisas assim, simples, porém de muito significado”, explica.
O terceiro passo é fotografar a rotina do casal nestes lugares intervindo muito pouco, ou quase nada, no que eles vão fazer, para que essas fotografias cheguem perto da maior verdade deles. “Costumo dizer que essa parte é comigo, eles fazem o que estão acostumados fazer e eu tento ser o mais invisível possível. Num primeiro momento eles ficam um pouco tímidos, mas depois tudo flui”.
Mercado local
É o fim das fotos “pousadinhas”? Talvez não, mas é o começo de uma tendência que tem agradado o mercado. O público mais jovem, principalmente. “O casal deste ensaio, por exemplo, não conhecia essa vertente de fotografia e quando eu mostrei a ideia para eles, eles se apaixonaram”.
O encantamento vem da narrativa histórica. “Os casais adoram a ideia de ter o que mostrar para os filhos e netos, seja a primeira casa, a cor das paredes, a mobília, como era viver naquela casa, os cachorros, enfim, tudo que envolve muito sentimento”.
ENTREVISTA
Liberdade para o fotógrafo conta muito?
Conta. Muito mesmo. É preciso ter muito cuidado ao “invadir” a privacidade das pessoas. Você precisa se mostrar muito amiga e envolvida na causa. Eu, na maioria das vezes, tenho facilidade, porque eu costumo dizer que vivo o dia deles como se fosse o meu, por conta de sonhar em casar desde pequena. Eu fico ansiosa junto (risos). Mas a amizade, o companheirismo e essa de “tamo junto”, conta muito na hora de fotografar. Às vezes, o silêncio faz bem também nesses momentos. Eu sempre deixo bem claro que eles irão precisar de um tempo pra conversar a sós no dia do ensaio, então, peço que não fiquem envergonhados de me pedirem licença ou algo do tipo.
A fotografia documental permite contar histórias mais profundas e interessantes?
Sem dúvida. No dia em que eu fico com o casal, tento fotografar os mínimos detalhes. Por exemplo, uma vez eu perguntei para uma noiva porque em todo café da tarde que ela me chamava para as reuniões, além da mesa toda arrumadinha, tinha uma frutinha cortada com canela e especiarias. Ela respondeu que se não fizesse isso, o noivo não comia frutas. Isso é um ato de amor. Simplório, mas que, com certeza, para eles faz toda a diferença.
Como fugir do superficial?
Como eu me conecto com o casal e tento conhecê-los bem, eu fotografo muito mais coisas que fazem sentido pra eles. É sobre observar muito e clicar o que importa. Talvez existam muitos fotógrafos que não se preocupam com bagagem cultural, autoral, emocional, enfim, por caírem nesse ramo da fotografia por necessidade, e aí ficam numa camada superficial. Eu tento fugir do superficial sempre. Lembrando sempre do mundo líquido e cheio de padrões, eu tento procurar por uma coisa que ainda me faça acreditar no real motivo que é a fotografia: documentar momentos que vão ser eternizados e, o mais importante, que eles sejam reais.
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